8 de setembro de 2012

Talvez


Queria viver no passado. Talvez em outra realidade.

Entro em um bar com meu chapéu e sento-me no balcão. Ouço o blues que toca de fundo enquanto bebo meu copo de Whisky e fumo meu cigarro.

Uma noite fria de insônia. Talvez lá fora esteja chovendo. O bar está vazio. Poucas pessoas e o garçom já limpando o balcão, não vendo a hora de fechar essa espelunca e ir descansar.

Uma mulher linda se aproxima de mim. Talvez ela seja loira, de cabelo encaracolado, não muito longo. No máximo até os ombros. Talvez ela seja uma prostituta querendo puxar assunto para ver se conquista seu último cliente da noite. Ou talvez ela esteja tão de “saco cheio” da vida quanto eu, e quer apenas beber, arrumar alguém para conversar, lamentar o rumo que sua vida tomou. Eu, com pouco interesse em ouvi-la, faço pouco caso enquanto “brinco” com o gelo no meu copo, já quase vazio.
Sim, eu sou egocêntrico e arrogante e só consigo pensar na minha vida infeliz. Meu Deus, como ela é linda! Talvez mais linda que todas as mulheres que tive na vida. Como posso não dar atenção a essa pobre desgraçada? Só consigo pensar em mim e o que poderia ter sido e vivido.

Dou o último gole no meu whisky, já aguado com o gelo derretido. Trago a última ponta do meu cigarro, enquanto apanho meu chapéu e saio sem me despedir. Não quero deixá-la mais infeliz contando a vida que não tive, ou ouvir sobre a vida que ela tem. Talvez essa vida solitária e nostálgica, que de certa forma me faria mais feliz.

Uma pena que eu não beba, fume, ou se quer transe com prostitutas.

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